vida e saúde

Fome e seus agravantes


Você tem fome, de quê?
Não, não é a música e letra dos Titã. Também nenhum verso de Manuel Bandeira ou pintura de Cândido Portinari. Essa é uma questão tão simples, que envolve seu mundo, interno e externo, sua família, sua renda, seu universo particular, o tempo.. a vida corrida que parece não nos afetar, pois parece que a fome não nos afeta diretamente, pois há comida na mesa todos os dias.

Pensar em fome remete sempre a um desconforto, a uma sensação de ausência de algo, certa irritação, muitas vezes descontrole emocional pela falta quase sempre de uma simples refeição ao dia.

A fome é regulada pelo nosso Sistema Nervoso Central, é um sinal de alerta ao nosso organismo que grita: "preciso comer, estou com um buraco no estômago, me sinto mal, minhas reservas de energia estão acabando, não consigo nem pensar..." e por ai vão as mais diversas manifestações sobre a fome fisiológica, não emocional.

Cabe salientar que tudo que se refere na maior parte das queixas ou sensações de fome tem relação com pessoas que tem algo para comer, muitas vezes com falta ou excesso de calorias.

Já há outro universo dessa mesma fome que mostra uma realidade totalmente deixada de lado em nossa sociedade atual, a fome que mata retratada no mapa da fome refere que muitas pessoas não têm o que colocar à mesa, comem menos que suas necessidades calóricas mínimas e tornam extremamente grave essa "fome" quando relacionada aos indicadores sociais.

Segundo IBGE (2018), 18,2 milhões de crianças de 0 a 14 anos vivem na pobreza, 43,4% nesse grupo etário, 1 em cada 2,3 delas estão com condições mínimas de se alimentar, e a fome entra quando não há condições mínimas de 1 refeição ao menos ao dia.

Que país queremos formar com esses dados? Nossas crianças que passam fome terão poucas perspectivas de uma vida digna, pois as consequências de comer menos do que a sua necessidade nutricional mínima e ausência de proteínas leva a um quadro de desnutrição, prejudicando crescimento e desenvolvimento, capacidade de aprendizagem. Além disso, estão sujeitas a outros agravantes de saúde nas doenças comuns, processos inflamatórios e infecciosos, até mesmo a higiene que podem levar ao óbito.

Esses dados são estarrecedores, pois os efeitos são irreversíveis. Politicas públicas urgentes precisam ser reestruturadas em seus conselhos de alimentação e segurança alimentar, movimentos da sociedade em geral, sem partidarismo ou restrição de investimento para que se possa assim reverter em parte esses dados agravantes do futuro da população brasileira.

Nós temos terra, solo, clima, condições de trabalho, o que mais falta? Não tenho pretensão de contestar os dados, ou salvar o Brasil da fome, mas penso que todos somos responsáveis pelo que virá nessa nação de fome, e ou também de excessos. A luta parece ser inglória. E pensar que chegamos sair do mapa da fome. E, agora, para onde iremos? Triste nação!

A obra de Cândido Portinari, para mim retrata o HOJE de nosso futuro!

Foto: Reprodução da obra "Criança Morta", de Cândido Portinari - Realismo 1944

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